sábado, 20 de fevereiro de 2016

Das constatações (não tão) óbvias da vida.

 



 - Eu não sei qual é o sentido desta vida. Nem sei o que fazer com ela.
- Mas és feliz?
- Sou! Isso eu sei que sou.
- E tu?

(…)
- Não.
- Não o quê?

- Não. Eu não sou feliz.
 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Eu, porquê?

    Tenho andado a pensar demasiado na vida. E tenho andado a pensar demasiado na vida, em inglês. O que torna tudo muito mais melodramático.
    Passadas umas quantas horas aqui sentada, a ouvir aquelas canções antigas dos Coldplay, a rever fotos de coisas que já nem cabiam na minha memória, a revisitar sítios que nunca visitei, encalhamos no ponto principal de tudo isto: continuo sem saber o que fazer da minha vida. Continuo sem saber o que tenho feito com ela nos últimos tempos, na verdade.
    Tanta coisa por fazer, tanta coisa por viver, tanta coisa à minha espera. E não consigo encontrar o motor para arrancar com tudo isto de uma vez. Para deixar estas quatro paredes, esta vida que me prende e me faz questionar a cada segundo se, em abono da verdade, alguma vez vivi verdadeiramente.
     Esta sensação de não ter um lugar verdadeiro neste mundo, de sentir que há sempre algo que falta, esta sensação de que não vou ter a honra de viver muito. E de sentir que estagnei. Que não avanço, que nada muda, enquanto o mundo, melhor, enquanto tudo, à minha volta sofre metamorfoses sucessivas e a um ritmo alucinante.
     Podemos voltar para o tempo em que me sentia no topo do Everest a todo o momento? Para o momento em que sentia que podia fazer tudo, que tinha um infindável número de opções à minha frente, que o futuro seria brilhante e, principalmente, para quando tinha a certeza de que seria meu? De que seria fruto das minhas escolhas e decisões, e que eu saberia seguir no caminho correto, saberia corrigir os erros e que, no fim, o final feliz seria inevitável? Podemos voltar para o tempo em que os contos de fada eram reais? Em que eu acreditava na magia do mundo e acordava com a certeza de que algo grandioso me esperava? Para o tempo em que os sapos ainda eram príncipes e a sociedade tendia para o progresso, não o contrário.
    Olho para trás e sinto que os anos passam. Que a minha inútil busca interior é cada vez mais infrutífera e que cada vez gosto menos do que vejo ao espelho. Cada vez gosto menos do reflexo que tenho de tudo o que envolve.
      Sinto que o propósito da vida não existe. Que o meu happy end não está traçado nas linhas da história e que a vida passa por mim num piscar de olhos.
      E não quero isso. Quero ser feliz. Será pedir muito? Ou será repetir-me demasiado?
      Acho que começo a cair no ridículo. E nem isso sei impedir.