segunda-feira, 2 de março de 2015

Vieste sempre.

"Tu escapaste sempre à derisão e à ironia em que procuro esconder a ternura de que me envergonho e o afeto que me apavora, talvez porque desde o princípio tinhas topado que sob o desafio, a agressividade, a arrogância, se ocultava um apelo aflito, um grito de cego, a mirada lancinante de um surdo que não percebe e busca em vão decifrar, nos lábios dos outros, as palavras apaziguadoras de que necessita. Vieste sempre sem que te chamasse, amparaste sempre o meu sofrimento e o meu pavor, crescemos ilharga a ilharga aprendendo um com o outro a comunhão do isolamento partilhado."

António Lobo Antunes, Memória de Elefante

(isto és tu, melhor amigo para a vida. Com altos, baixos e confusões à mistura. Isto és tu, e orgulho-me de o dizer. Porque a nossa amizade é como um boomerang. Por mais que a distância seja grande, ele regressa sempre.)


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