sexta-feira, 30 de novembro de 2012

#11 Carta para uma pessoa falecida com a qual gostavas de falar

(11ª carta do desafio)

#11 Carta para uma pessoa falecida com a qual gostava de falar
   
   Não deixa de ser engraçado... Acho que pouco mais tenho feito do que isto...
  Ao rever coisas antigas (mas, ao mesmo tempo, tão recentes), não deixa de ser engraçado como monopolizaste toda a minha criação escrita, como parecia não ter mais que aquele assunto (tu!), não pensar sobre mais nada, não escrever sobre mais nada.
   É engraçado como um anjo se tornou no meu maior pesadelo. Não tenho porque negá-lo, se foi isso mesmo que aconteceu. Acredito que em 100 textos, 200 eram para ti! Não só os 100 escritos, mas também os outros: os pensados, os sentidos, os imaginados... e foram tantos! Tantos que chego a pensar como era possível haver tanto para dizer, para pensar, para refletir sobre um mesmo momento.
   Acredito não ter muito mais para te dizer que não tenha sido já dito, que não TE tenha já dito. Gostava apenas de obter uma resposta. Gostava, por vezes, de sentir um pouco mais do que apenas a tua presença. Gostava de ter a certeza de que nos vês, que vês o que nos fizeste sofrer, que vês o que a tua dor provocou não só em ti, mas em todos.
   A tua cara desvanece-se (como pode a memória humana ser tão fraca?) e os pormenores deixam de ser concretos. Tenho medo de te esquecer! Medo de deixar de sentir a tua presença! E isso é o que mais me assusta! O esquecer... aí sim, morrerias para sempre. Mas, ao mesmo tempo, tenho também medo de enlouquecer, de ficar (ainda) mais obcecada com tudo, de ficar (ainda) mais apática, sem rumo... assim como tu ficaste. Tenho medo de tudo... medo de voltar a passar pelo mesmo... E talvez te perguntasse o que sentes ao ver-nos assim, doidos, patéticos, em busca de respostas que jamais nos poderás dar...
   Ver-te seria uma machadada muito forte no meu coração. No meu e no de todos. Depois de tanto tempo de ausência, já não sei se seria capaz de te dizer algo... Talvez um 'gosto de ti', apenas. Talvez AQUELE 'gosto de ti' que ficou por dizer. Talvez o 'gosto de ti' que me arrependo eternamente de nunca ter dito.
   Sabes que sentimos saudades, é inevitável. Mas temos aprendido, cada dia, a viver sem ti, sem a tua presença. Se já passámos por momentos de provação depois de ti? Alguns... Foram momentos de crescimento também, de viver uma nova realidade que nos é imposta diariamente e à qual não podemos fugir (antes tivessemos essa hipótese!). Sim... acho que já não saberia que dizer, acho que nem coragem teria para te perguntar 'porquê?'.
   Agora, apenas tento esquecer. Não a ti, mas à tua ausência!



1 comentário:

miii disse...

Aiii, adorei este texto! Adorei mesmo! Escreves muito bem!