quinta-feira, 1 de novembro de 2012

«A boa morte», Gonçalo M. Tavares

   "Mas a verdade é que é sempre longo o caminho até alguém que está a morrer. Mesmo que fisicamente a distância não passe de alguns metros, aproximarmo-nos de quem está a morrer é percorrer um enorme itinerário. É fazer, de facto, uma viagem antiga - aquela viagem de iniciação essencial: quem a fazia nunca regressava igual.
   Volta-se demasiado cansado depois de se ver quem vai morrer. Porque entre quem ainda não está nesse estado e quem está a morrer há uma distância enorme, uma distância psicológica que exige tanto ou mais esforço para ser percorrida do que a outra, a distância medida por quilómetros. Se vais ver quem vai morrer, prepara-te fisicamente. É muito longe, é muito duro."
Gonçalo M. Tavares
 


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