quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Como explicar que não o vais ver mais?

   Ao jantar, discutiu-se como anunciar a uma pessoa que um familiar ou amigo querido morreu. Como normalmente, houve 'saídas' mais sérias e outras mais cómicas (as últimas sempre com o intuíto de aligeirar o ambiente daquele assunto pesado).
 
   Toda aquela conversa me fez regressar àquele dia fatídico, àquele desgraçado acontecimento. Ao olhar para a minha mãe, percebi que, também ela, recordava o mesmo. Ela teve de o dizer à avó (e, ao mesmo tempo, a mim), eu tive de o dizer à C..
    Tal como, durante mais tempo do que eu gostaria, de cada vez que olhava para a minha mãe eu te recordava, a ti e àquele momento em que tudo desabou, sei que, também a C., vai, para sempre, ligar-me a tudo. Fomos as mensageiras do diabo, as portadoras das más notícias. Sei, por isso, o quanto é difícil estar nos dois lados, no de quem conta a notícia e no de quem a ouve. Não sei qual dos dois será mais ingrato!
    Tive de ouvir dizer a minha mãe que jamais voltarias, tive de conter os gritos da avó. Tudo isso, enquanto, ainda estarrecida e em completo choque, tentava processar tudo e perceber se tudo não era apenas mais um sonho mau. Assim que consegui um elo minimamente coerente com a realidade, ela foi o primeiro pensamento. Será que já sabia, como iria reagir?
    Mal eu sabia que teria de ser eu a dizêr-lo. A dizêr-lo uma e outra vez, a fazê-la compreender que não era só uma situação temporária, que era definitivo, que a vida dela acaba de dar uma volta de 360º e que aquilo que ela sabia há 2 minutos atrás já não fazia sentido. Vi-a cair em si, vi-a no momento em que se deu conta da gravidade de tudo. Vi-a depois, em todos os momentos de tudo mas sei que, para mim e para ela, aquele momento em que lhe contei a verdade ficará gravado. Ficará gravado como o momento em que a sua vida foi destruída. Tal como a minha vida e a da avó ficaram destruídas quando a minha mãe nos contou. Assim como a da minha mãe ficou irremediavelmente marcada quando recebeu aquele telefonema.

   Anunciar uma coisa destas pode parecer fácil, ou até ter uma faceta cómica, para quem não tem ligações afetivas a nenhum dos envolvidos, mas é um momento doloroso e que fica marcado para sempre em quem vive cada uma destas pequenas tragédias. Porque a perda de um ser humano é isso: uma pequena, mas sempre grande, tragédia.


   

4 comentários:

miii disse...

É verdade! É mesmo difícil para ambos!

CEP disse...

R: Sem dúvida nenhuma, Cristiana. As energia renováveis representam a mudança dos costumes, no mundo atual. Libertar os países da dependência do petróleo, incentivá-los a proteger o ambiente e acabar com as diferenças de tratamento :)

Anónimo disse...

Nunca estamos preparados para perder alguém. Nunca!

Anónimo disse...

Também não sei que lado é o mais difícil... Sei é que, em ambos, a força tem de estar sempre presente :|